quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Onde anda a Multidisciplinaridade?

(Desafio da prof. de Dispositivos Médicos)
Multidisciplinaridade, um conceito que é talvez ignorado pela maioria, mas fundamental nos dias de hoje, principalmente na área da saúde. Refere-se a uma associação de várias matérias com um objectivo comum, em que se pretende a partir de pontos de vista e tarefas distintas obter o sucesso desse objecto de estudo.
A saúde, e em especial a Radiologia, sendo uma técnica de diagnóstico e terapêutica tem obrigatoriamente de compreender a relação entre diversas áreas. Talvez esse tenha sido o motivo que me levou a optar por este curso. A medicina, e em especial o contacto com o doente e o gosto pelas novas tecnologias foram o empurrão para a minha decisão ao terminar o ensino secundário. Pela experiência que tenho tido até então, que tem passado apenas por estágios de algumas horas em clínicas ou hospitais fazem-me pensar que fiz a escolha certa.
Por mais anos que viva, não vou esquecer de certeza o primeiro contacto com o hospital. Os doentes, os médicos, técnicos, enfermeiros e restante pessoal, os corredores que parecem não ter fim, o cheiro que é próprio do lugar, aquele nervoso miudinho, os olhares desconfiados por ser “a estagiária” inexperiente… E depois a chuva de emoções porque se passa, sempre com uma enorme intensidade, a depressão por ver um doente menos capaz e no minuto a seguir a mãe da criança feliz porque o diagnóstico é favorável. Confrontam-me muitas vezes com o facto de ter de lidar com este tipo de situações no dia-a-dia, como será que vou reagir? Por norma não me questiono sobre isso, a não ser quando o fazem por mim, mas a minha resposta até ao momento tem sido sempre a mesma, “Quando se gosta do se faz, só se pensa na reacção depois de já ter passado pela experiência, e eu gosto do que faço!”.
Na rua somos todos anónimos, nunca se sabe quem está ao nosso lado, então quem é que já não ouviu a senhora que vai sentada à nossa frente no autocarro a criticar este ou aquele profissional de saúde? Nos dias que correm dou-me conta que o público em geral tem uma visão um pouco fria de quem trabalha na área da saúde, sejam estes médicos, enfermeiros ou outros técnicos de saúde. Sempre rígidos com os outros e consigo próprios, não tenho dúvidas que os há, mas serão certamente um número muito mais reduzido do que se poderá pensar. Tenho a certeza que todos são tocados por este ou por aquele doente, seja qual for o motivo. Somos todos humanos, profissionais e pacientes, uns dias mais sensíveis, outros porém mais distantes, e a ideia de que se podia ter feito mais e melhor passará sempre pela cabeça. Nas aulas, ou até mesmo no hospital, quando observo os técnicos mais velhos, dou-me conta que se lembram perfeitamente da história do “Sr. António”, que por sua vez já foi há uma dezena de anos, e contam-na como se tivesse sido ontem com uma lágrima no canto do olho. Todos os detalhes gravados na memória e acima de tudo muitos sentimentos.
É esta a minha perspectiva, talvez um pouco optimista, o que já é próprio da minha personalidade, mas gosto de pensar que é realmente como descrevo.
Jinho*

domingo, 11 de novembro de 2007